"Era um colégio público em que os professores não faltavam à toa, tudo funcionava a contento. Havia refeitório, lanche, aula de educação física e mestres maravilhosos. E uma modernidade arquitetônica: não tinha escadas, tinha rampas.
D. Maria Inês era uma verdadeira rainha, no porte e na linha dura. Professora de português sisuda, mas de uma cultura incrível, que ela passava como quem não quer nada, para aqueles adolescentes suburbanos de classe média baixa, mas de mente aberta para o novo. Foi assim que entramos no mundo de Eça de Queiroz, Alexandre Herculano, José de Alencar, Machado de Assis e muitos outros.
Nosso livro de cabeceira (ops), de carteira, era o Roteiro Literário do Brasil e Portugal, de Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Holanda.
E ela cuidava de jogar em cima da gente, de vez em quando, coisas sofisticadas, quando nos fez encenar uma história de Hans Christian Andersen – “A Sereiazinha”, com música de Debussy –L’aprés-midi d’un Faune” e bonecos confeccionados em papier machê, pelos alunos. A gente ficava uma arara, com ela, por exigir tanto, mas no fim do curso foi a escolhida como paraninfa da turma.
Professor Abelardo emocionava-se quando alguém lia de maneira impecável uma passagem de sua disciplina, História, premiando o leitor com uma nota 10.
Padre Félix era o mestre de Latim e, entre outros ablativos, nos fez conhecer as maravilhosas fábulas de Fedro, a versão romana de “Esopo”.
Havia ainda o Astrogildo, de Ciências; D. Zuleide, de Geografia, D. Maria José Limoges, de Inglês (num final de ano ela me deu um livro com peças de Shakespeare); professor Jair, de Matemática; professor Oswaldo, de Francês, que colocava “La Vie en Rose” pra gente ouvir. E muitos outros tão bons quanto estes citados.
Alunas e Prof. Astrogildo - 1959
O Clovis Monteiro tinha ainda um terreno enorme, cheio de árvores, algum capim, ar fresco circulando e uns flamboyants escandalosamente lindos. Era um colégio ecologicamente correto e a gente não sabia.
Por tudo isso, nossa turma do ginásio, que se formou em 1959, foi privilegiada. Dela saíram professores, jornalista, designers, advogados (defensores públicos), publicitário, escritor, sociólogo, empresários e até um capitão de mar-e-guerra, entre outras profissões dignas.
Naquele tempo, no Clóvis Monteiro, a escola era risonha e franca! "
Missa de Formatura - Turma de 1959
Esse depoimento foi obtido através de uma postagem, em comentários, de uma ex-aluna. O comentário original está num blog que, naturalmente, publicamos abaixo como referência bibliográfica:
http://rioquemoranomar.blogspot.com/2009/09/outros-tempos-de-escolas.html
Agradecemos outras contribuições que ajudem a resgatar a nossa história de qualidade na Educação Pública do Estado do Rio de Janeiro. Prof. Marcos Bassolli
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