quinta-feira, 24 de março de 2011

Japão: antes e depois do terremoto e do tsunami

http://www.nytimes.com/interactive/2011/03/13/world/asia/satellite-photos-japan-before-and-after-tsunami.html 

Conforme indicação do Prof. Paulo Roberto (Geografia), publicamos o link acima, do “The New York Times”, com um recurso que permite visualizar a devastação causada ao Japão pelos recentes acontecimentos.

Publicado por mbassolli@prof.educacao.rj.gov.br – Prof. Marcos Bassolli

IBGE lança mapa planisfério interativo

http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php

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Escola, mídias e tecnologias na educação.

 
 

Escola, mídias e tecnologias na educação.

Marcos Aurélio Bassolli Alves[1]

clip_image001 Introdução

Nosso pressuposto, fundado na nossa vivência, é de que a percepção da realidade e o conhecimento apresentam-se fragmentados na Escola nos seus diferentes conteúdos e disciplinas. Ao mesmo tempo em que reconhecemos que o avanço do conhecimento é vital para o aumento da produção [e da mais-valia], acreditamos que o acesso às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação – NTIC’s pode significar uma mudança no nosso aparato de percepção e concepção[2] da realidade e apontar para uma mudança nas práticas rotineiras e nos hábitos e atitudes dos professores-educadores e dos alunos. “O conhecimento não é fragmentado, é interdependente, interligado, intersensorial. Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Conhecemos mais e melhor conectando, juntando, relacionando, acessando o nosso objeto de todos os pontos de vista, por todos os caminhos, integrando-os da forma mais rica possível”.[i]

clip_image001[1] Tecnologia educacional – tecnologia na educação

A tecnologia educacional, como campo de estudo, tem seu desenvolvimento na primeira metade do século passado através do emprego de materiais visuais. A utilização de meios audiovisuais com finalidade educativa constitui o primeiro campo da tecnologia educacional, onde a pesquisa e o estudo das aplicações de meios e materiais ao ensino serão constantes nos trabalhos.

A tecnologia educacional, denominada ciência do planejamento do ensino, se configura então como a aplicação operacional das disciplinas (psicológicas, curriculares e filosóficas) para a melhoria e eficácia do processo ensino-aprendizagem.

Nos anos 60, a revolução eletrônica dos meios de comunicação (rádio e tv) contribuirá decisivamente, devido ao seu alcance territorial e comunicativo, para as mudanças nos costumes sociais, na maneira de fazer política e até de se perceber, através dos programas jornalísticos, a economia e a realidade nas suas mais diferentes escalas.

Dessa forma, a tecnologia educacional inicia a década de 1970 consolidando-se como uma disciplina científica que teria o potencial de regular e prescrever a ação educativa. Para a Comissão de Tecnologia Educacional dos Estados Unidos, a Tecnologia Educacional deveria ser entendida como uma “maneira sistemática de projetar, levar a cabo e avaliar o processo de aprendizagem e ensino em termos objetivos específicos, baseados na pesquisa da aprendizagem e na comunicação humana, empregando uma combinação de recursos humanos e materiais para conseguir uma aprendizagem mais efetiva”. (Sancho, 1997)[ii]

Na década de 1980, a UNESCO formulou uma dupla concepção para o conceito de tecnologia educacional avançando ainda mais no seu entendimento: primeiro ela seria concebida como o uso para fins educativos dos meios originados da revolução das comunicações, englobando meios audiovisuais, TV, computadores e outros tipos de hard e software. A outra concepção, mais abrangente, considera o modo sistemático de perceber, conceber e vivenciar o conjunto de processos de ensino aprendizagem como a base da Tecnologia Educacional que se propõe a usar os recursos técnicos e humanos para uma maior eficiência.

As tecnologias educacionais avançam inseridas agora nas NTIC’s onde passam a contar com dispositivos projetados para armazenar, processar e transmitir, de modo flexível e não linear, uma grande quantidade de informações, sons e imagens. Nesse momento, é importante [re] afirmar que os meios em si não constituem toda a tecnologia educacional. Nem mesmo o termo tecnologia educacional é consenso, muitos preferem o termo tecnologias na educação.

Para além dos termos, mais do que consumir criticamente as mídias, podemos produzir as mídias. Até que ponto o “saber fazer” um jornal, quais são suas partes e como se faz sua diagramação pode interferir na nossa absorção das notícias cotidianas? Queremos investigar como essa e outras tarefas como construir um blog, se conectar na Internet, manter um e-mail e estudar nesse ambiente pode inserir a educação [a Escola Pública] na rede de comunicação e informação da sociedade atual.

Acreditamos e queremos investigar também como podem auxiliar na consolidação e constituição do conhecimento, promover mudanças de hábitos e atitudes e também como essa inclusão digital possibilita a inclusão e expansão digital da Escola Pública, como um objeto – fixo do espaço, ligada à rede de comunicação e informação.

clip_image001[2] A Escola e as tecnologias de informação e comunicação

Para Santos, o espaço é um conjunto indissociável entre fluxos e fixos, nessa direção, acreditamos que a Escola Pública é um ponto, um fixo[iii] – como objeto no território, que pode ser um importante elo nas relações de fluxo de informação e comunicação na sociedade atual.

Ao se tornar um nó na rede, através da sua inclusão digital, a Escola Pública pode envolver não somente os seus alunos, funcionários, Professores e também os pais, mães, irmãos, tias e quase toda a sua comunidade. Nesse sentido, ela é muito importante para ampliação do percentual de universalização da inclusão digital e dos seus desdobramentos, que já são notados, tanto no espaço e no tempo [cotidiano], quanto no mercado do [novo] mundo do trabalho.

Para Ana Clara T. Ribeiro o atual sistema de comunicação faz “parte do aparelho institucional criado para o desenvolvimento de estratégias de controle do território e, em sua face econômica como elo articulador e agilizador dos mercados. Para ela a “psicoesfera” consolida “a base social da técnica e a adequação comportamental à interação moderna entre tecnologia e valores sociais”.[3]

Nessa direção, John Naisbitt afirma que “as telecomunicações e a sua infraestrutura põem as pessoas em contato umas com as outras. Elas exercerão um impacto extraordinário sobre o clima social, político e econômico na comunidade global”. A revolução das telecomunicações é, realmente, uma questão de permitir um acesso maior às comunicações. O constante avanço técnico dos equipamentos e da capacidade das redes de transmissão e comunicação aponta para isso.

Concomitantemente, “nos dias de hoje, é inegável a importância da discussão sobre as tecnologias de informação e comunicação e seus impactos sobre os processos de constituição de conhecimentos, valores e atitudes. Nesse contexto, a escola necessita (re)pensar o seu papel na sociedade, buscando (re)significar as práticas pedagógicas cotidianas, à luz de novos paradigmas” [iv] Os professores e a comunidade escolar estão diante de um novo desafio. Vivemos as adversidades decorrentes de fatores estruturais e de gestão do t&e (Tempo e Espaço) que muitas vezes são as pedras no nosso caminhar.

Por isso, vivenciamos a tecnologia educacional num sentido mais abrangente, isto é, como uma metodologia com fins específicos que utiliza os objetos do meio técnico-científico-informacional, é articulada com o projeto político pedagógico e adequada às práticas pedagógicas dos professores. A tecnologia educacional é um meio para o objetivo final que é uma educação de qualidade e inclusiva. A escola é o melhor lugar do mundo! O que precisamos fazer para que isso realmente aconteça?

“Para isso, o educador deve conhecer as tecnologias de que dispõe para seu uso no processo pedagógico, a fim de subordiná-las aos seus interesses, fazendo da educação um fim e da tecnologia um meio, considerando os tipos de recursos disponíveis para servir aos objetivos educacionais e integrando teoria e prática, atividade intelectual e manual, processos e produtos do desenvolvimento tecnológico aos resultados pretendidos”.[v]

clip_image001[3] Para reflexão

Nos dias de hoje, é inegável a importância da discussão sobre as tecnologias de informação e comunicação e seus impactos sobre os processos de constituição de conhecimentos, valores e atitudes.

Por outro lado, inicialmente o uso do computador na educação procurava imitar o que acontecia na sala de aula – era o conceito de instrução programada, hoje, depois de passar por diferentes etapas, o conceito de ensino por computador incorpora toda a gama das NTIC’s tornando-se uma ferramenta educacional de complementação e aperfeiçoamento nas condições de aprendizagem. Como ferramenta educacional o computador não é só o instrumento que ensina ao aluno, mas o meio com o qual o aluno desenvolve algo

O Professor, além de detentor do conhecimento, visão dita tradicional, passa a trabalhar também com o conceito de que o estudante deve ser ensinado a buscar e a usar a informação para a consolidação e constituição do conhecimento. Ao mesmo tempo começamos a perceber que nós mesmos precisamos e podemos utilizar essas ferramentas no chão da escola e da sala de aula.

A perspectiva de tecnologia educacional que se quer valorizar favorece um processo que conduz à reflexão do homem sobre a sua realidade. Nesse sentido, é também trabalho do Professor promover a reflexão constante do estudante sobre a sua inserção na sociedade, seu lugar no mundo, desde a sua comunidade, o seu lugar de vida, ampliando seu conhecimento e consciência crítica para se situar no mundo.

Esse é o convite que faço a todos, o convite para a construção colaborativa de projetos e práticas de ensino que utilizem os equipamentos presentes no Laboratório de Informática [Educativa], sala de aula compreendida como um espaço interdisciplinar de pesquisa e prática de métodos, instrumentos e recursos didáticos voltados para a inclusão digital, informação, comunicação e consolidação da cidadania.

Acesse o nosso blog e partisse do nosso grupo virtual de discussão, informação e aprendizagem colaborativa, instrumentos que permitem um interferência nas limitações impostas pelo atual modelo de gestão do tempo&espaço da escola e podem contribuir para a realização dos nossos desejos e projetos de construção de uma educação pública de qualidade e de uma escola prazerosa de se estar e trabalhar.


[1] Professor e Orientador Tecnológico no Colégio Estadual Professor Clóvis Monteiro e na Rede Municipal do Rio de Janeiro. Texto apresentado aos Professores e Direção do CEPCM através da publicação no blog do colégio www.cepcm.blogspot.com e texto enviado para o e-mail do grupo no Windows Live® cepcm@groups.live.com em março 2011.

[2] Radicalmente inspirado “A produção do espaço” de H. Lefebvre

[3] Ana Clara T. Ribeiro “Matéria e espírito: o poder (des)organizador dos meios de comunicação” Jorge Zahar, 1991 pp. 44-45.


[i] Novas tecnologias e mediação pedagógica. J.M. Moran, Marcos T. Masetto e Marilda Aparecida Behres. Papirus – 9ª edição

[ii] Sancho, J.M (org) Para uma tecnologia educacional. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre, 1997

[iii] A referência é a Milton Santos, aos fixos e fluxos e formam um lugar, em “A natureza do espaço” 3ª edição, Hucitec, 1999.

[iv] Multieducação. Temas em debate. Mídia e Educação. SME. Pág. 5.

[v] NTE para a saúde. Maurício De Seta. Laboratório Informática Fiocruz.

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quarta-feira, 23 de março de 2011

Jogo de Português

Jogo de Português

http://educarparacrescer.abril.com.br/100-erros/

 

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Registro de atividades

Aula do Professor Eduardo Duque – Imagem e arte. As TIC´s – Tecnologias de Informação e Comunicação podem ser utilizadas para tornar as nossas aulas mais atrativas e interessantes para os nossos alunos. Podemos também utilizá-las para registrar e divulgar as nossas atividades.

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Oficina de Forró

 

Colegas Professores(as),

Vejam o link informado pela Coordenação Pedagógica sobre a OFICINA DE FORRÓ que acontece nessa sexta-feira, dia 25 de março, no auditório do nosso CEPCM.

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Atividades Extra-classe. Vamos inovar e empreender.

Informação da Coordenação Pedagógica do nosso Colégio, Profa. Lydia.

Oficina de forró.

Vai ocorrer na próxima sexta, dia 25/3, a partir de 11h e 30 min, no auditório. É necessário fazer inscrições previamente, na Coordenação Pedagógica ou Direção.

Os alunos do 1º turno só podem descer após o término das aulas ao meio dia.


Os professores são Luís Florião e Adriana D'Acri, que têm academia na Tijuca e já se apresentaram até fora do Brasil. Estão formando esta parceria com o Colégio com boa vontade, por serem interessados na escola pública e na cultura nacional.


São só 50 vagas para moças e 50 para rapazes, é necessário que o aluno faça inscrição logo.


Desde já agradeço.
Um abraço,
Lydia

 

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terça-feira, 22 de março de 2011

Programa Nacional do Livro Didático PNLD - 2012

Colegas Professores(as),

Conforme informação e solicitação da Profa. Luciana Silva – LE, publicamos abaixo o link de acesso ao Programa Nacional do Livro Didático 2012 – Livro didático LE.

http://www.fnde.gov.br/index.php/arq-livro-didatico/pnld2012/guia2012/5510-guiapnld2012linguaestrangeira/download 

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segunda-feira, 14 de março de 2011

As mulheres não são homens

Boaventura de Sousa Santos

No passado dia 8 de março celebrou-se o Dia Internacional da Mulher. Os dias ou anos internacionais não são, em geral, celebrações.  São, pelo contrário, modos de assinalar que há pouco para celebrar e muito para denunciar e transformar. Não há natureza humana assexuada; há homens e mulheres. Falar de natureza humana sem falar na diferença sexual é ocultar que a “metade” das mulheres vale menos que a dos homens. Sob formas que variam consoante o tempo e o lugar, as mulheres têm sido consideradas como seres cuja humanidade é problemática (mais perigosa ou menos capaz) quando comparada com a dos homens. À dominação sexual que este preconceito gera chamamos patriarcado e ao senso comum que o alimenta e reproduz, cultura patriarcal.

A persistência histórica desta cultura é tão forte que mesmo nas regiões do mundo em que ela foi oficialmente superada pela consagração constitucional da igualdade sexual, as práticas quotidianas das instituições e das relações sociais continuam a reproduzir o preconceito e a desigualdade. Ser feminista hoje significa reconhecer que tal discriminação existe e é injusta e desejar activamente que ela seja eliminada. Nas actuais condições históricas, falar de natureza humana como se ela fosse sexualmente indiferente, seja no plano filosófico seja no plano político, é pactuar com o patriarcado.

A cultura patriarcal vem de longe e atravessa tanto a cultura ocidental como as culturas africanas, indígenas e islâmicas. Para Aristóteles, a mulher é um homem mutilado e para São Tomás de Aquino, sendo o homem o elemento activo da procriação, o nascimento de uma mulher é sinal da debilidade do procriador. Esta cultura, ancorada por vezes em textos sagrados (Bíblia e Corão), tem estado sempre ao serviço da economia política dominante que, nos tempos modernos, tem sido o capitalismo e o colonialismo. Em Three Guineas (1938), em resposta a um pedido de apoio financeiro para o esforço de guerra, Virginia Woolf recusa, lembrando a secundarização das mulheres na nação, e afirma provocatoriamente: “Como mulher, não tenho país. Como mulher, não quero ter país. Como mulher, o meu país é o mundo inteiro”.

Durante a ditadura portuguesa, as Novas Cartas Portuguesas publicadas em 1972 por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, denunciavam o patriarcado como parte da estrutura fascista que sustentava a guerra colonial em África. “Angola é nossa” era o correlato de “as mulheres são nossas (de nós, homens)” e no sexo delas se defendia a honra deles. O livro foi imediatamente apreendido porque justamente percebido como um libelo contra a guerra colonial e as autoras só não foram julgadas porque entretanto ocorreu a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974.

A violência que a opressão sexual implica ocorre sob duas formas, hardcore e softcore. A versão hardcore é o catálogo da vergonha e do horror do mundo. Em Portugal, morreram 43 mulheres em 2010, vítimas de violência doméstica. Na Cidade Juarez (México) foram assassinadas nos últimos anos 427 mulheres, todas jovens e pobres, trabalhadoras nas fábricas do capitalismo selvagem, as maquiladoras, um crime organizado hoje conhecido por femicídio. Em vários países de África, continua a praticar-se a mutilação genital. Na Arábia Saudita, até há pouco, as mulheres nem sequer tinham certificado de nascimento. No Irão, a vida de uma mulher vale metade da do homem num acidente de viação; em tribunal, o testemunho de um homem vale tanto quanto o de duas mulheres; a mulher pode ser apedrejada até à morte em caso de adultério, prática, aliás, proibida na maioria dos países de cultura islâmica.

A versão softcore é insidiosa e silenciosa e ocorre no seio das famílias, instituições e comunidades, não porque as mulheres sejam inferiores mas, pelo contrário, porque são consideradas superiores no seu espírito de abnegação e na sua disponibilidade para ajudar em tempos difíceis.  Porque é uma disposição natural. não há sequer que lhes perguntar se aceitam os encargos ou sob que condições. Em Portugal, por exemplo, os cortes nas despesas sociais do Estado actualmente em curso vitimizam em particular as mulheres. As mulheres são as principais provedoras do cuidado a dependentes (crianças, velhos, doentes, pessoas com deficiência). Se, com o encerramento dos hospitais psiquiátricos, os doentes mentais são devolvidos às famílias, o cuidado fica a cargo das mulheres. A impossibilidade de conciliar o trabalho remunerado com o trabalho doméstico faz com que Portugal tenha um dos valores mais baixos de fecundidade do mundo. Cuidar dos vivos torna-se incompatível com desejar mais vivos.

Mas a cultura patriarcal tem, em certos contextos, uma outra dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas.

Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres. É assim que se ignora o papel fundamental das mulheres na revolução do Egipto ou na luta contra a pilhagem da terra na Índia; a acção política das mulheres que lideram os municípios em tantas pequenas cidades africanas e a sua luta contra o machismo dos lideres partidários que bloqueiam o acesso das mulheres ao poder político nacional; a luta incessante e cheia de riscos pela punição dos criminosos levada a cabo pelas mães das jovens assassinadas em Cidade Juarez; as conquistas das mulheres indígenas e islâmicas na luta pela igualdade e pelo respeito da diferença, transformando por dentro as culturas a que pertencem; as práticas inovadoras de defesa da agricultura familiar e das sementes tradicionais das mulheres do Quénia e de tantos outros países de África; a resposta das mulheres palestinianas quando perguntadas por auto-convencidas feministas europeias sobre o uso de contraceptivos: “na Palestina, ter filhos é lutar contra a limpeza étnica que Israel impõe ao nosso povo.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal)